No plano da música, a fronteira entre o sagrado e o profano é muito ténue; estes dois espaços não são compartimentos estanques, influenciando-se entre si. Foram constantes as interferências e proibições da igreja Católica no que respeita à musica popular cantada dentro da igreja.
Ao longo dos anos, a música litúrgica foi sendo fixada no cantochão mas o povo, apoiado num substrato musical muito antigo, apoderou-se de alguns destes cânticos da igreja e popularizou-os, dando-lhes a sua interpretação própria.
Os cantos que aqui se apresentam têm uma estrutura comum e uma extraordinária sonoridade; há uma cantadeira que lidera o grupo e que começa o canto, num registo normalmente bastante grave; juntam-se-lhe depois os restantes “baixos”. Em seguida vão entrado, de um modo um pouco aleatório, as outras vozes. As notas do acorde final são bastante porlongadas e em alguns exemplares aparece ainda o “fim” ou o “guincho”, a terminar cada frase melódica. São entoadas com vozes guturais, abertas e com uma projecção sonora natural e vigorosa.

Regarding music the issue that matters is the border between sacred and profane. Those two kinds of music are not separated cups, they go side by side and, somehow, mixed along the way produced a new music child.
The Catholic Church tried very hard to contain the damaged but it was not something in their hands. So, from this musical “disease” born a perfect combination; a high profile sonority with a popular taste from profane sound
The songs that we present here – sacred songs from Minho
(north of Portugal) – have a common structure and an extraordinary sonority; there is a singer that leads the group and begins the song, usually a contralto voice. The other contralto voices join her and afterwards, in a way a little random, the other voices start to sing.

1. A Senhora do Sameiro, 2. Quem quiser, 3. Janeiras, 4. Santos Reis, 5. Reis da Canalha, 6. Canto do Senhor Fora, 7. Paixão, 8. Botar as Almas, 9. Martírios, 10. Canto da Verónica, 11. Ó Xi Xi, 12. Aleluia, 13. Derrama, 14. Romeirinhos, 15. Senhora Santana, 16. Saramago verde, 17. Salve Rainha